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Interview - Transcript Ester Gonçalves por Sílvia Pinto Coelho
[20 Janeiro, 2024]
Silvia
então eu vou te pedir que te apresentes. Assim fica gravado. Nome, Idade, Cidade onde cresceste.O que é que fizeste.
Ester
Olá sou a Ester Gonçalves. Nasci em Lisboa, mas … vivi em Sintra. Maioritariamente na zona das praias, nas Azenhas do mar.. sempre gostei de dançar mas nunca comecei desde pequenina. Só aos 14 anos. E pronto, como hobby no início depois como foi no ??? Academy eles criaram um projeto de jovens bailarinos que eu integrei ???? segundo ano para dançar. depois aos 17 anos ainda aos 16 comecei a fazer umas aulas na companhia profissional do ??? ballet. depois comecei a estagiar. fiquei estagiária um ano e depois fiquei mais de 4 anos como bailarina no ????
até lá tinha feito vários workshops e só estudei mesmo só na academia. Não estudei dança. depois saí em 2018 para fazer freelancing e desde aí
Silvia
que idade é que tínhamos?
Ester
Quando comecei a estudar design
Sivlia
foste para universidade?
Ester
como estagiária portanto 7 18,19 20 aos 20,21 saí da companhia
Silvia
mas só quando é que entraste a faculdade ?
Ester
Entrei para a faculdade no meu último ano
Silvia
Qual era o curso da faculdade?
Esrter
de design
desenho geral mas design gráfico
a partir daí ainda estava na faculdade portanto fiz vários projetos de freelancing com bailarina tanto aqui como lá fora
Depois acabei também o curso e também fiquei como freelancer de design
portanto ainda Hoje estuo nas duas áreas
pronto não sei sequer especifica alguns projetos que fiz
[2:10]
Silvia
como é que vieste parar este projeto
Ester
eu conheço António e a São foi depois de sair também da companhia que eu fiz os primeiros projetos foi com a São e o António fizemos o Last em Viseu
depois ainda fiz uma produção em Paris com eles também de uma ópera
e pronto e a partir daí ficamos com o contato
também já fiz outros projetos com eles substituir o Miguel Santos No solo
trabalho muito com Margarida també, a Margarida ???
e agora também um projeto no CCB com o Marcos Moral la veronal que é uma companhia Espanhola.
e pronto e o António é que me ligou a perguntar Se Eu estava disponível que havia este projeto etc explicou aceitei vim experimentar
e depois trabalhamos muito com a Cecília durante 2 semanas assim mais Intensivas de criação eu e o Miguel
e depois foi mais esporádico já com a realidade virtual também e com o Daniel, que veio estagiar
Portanto ao nível da criação eu não estive muito com o Daniel no início
Só depois quando já tínhamos feito alguma realidade
Sílvia
e alguns movimentos são criados pela Cecília ou por vocês ou os 3 em conjunto
Ester
então a Cecília conduz a nível de ideias e de qualidades e nós improvisamos
a partir da improvisação. improvisávamos durante x tempo com x tasks
e depois a partir daí ok agora vamos começar a reter
para a partir da improvisação OK isto correu bem vamos tentar voltar atrás e reencaminhar para o mesmo sítio
então foi um bocadinho a partir daí
na qualidade de movimento pensada se era mais contrapeso ou se era mais rápido sem toque ou toque e a partir daí éramos nós que transformavamos essa qualidade e éramos nós que dávamos on próprios próprios inputs e ideias
Sílvia
e em termos de formação em dança estas qualidades de trabalho a pares que têm não vou dizer contato improvisação não sei qual é a tua linha qual é assim a formação de dança que reconheces como uma ….
Ester
então eu no Quórum??? Eu Não tive…. era muito.. Tudo o que era duetos é sempre muito o homem a carregar
depois comecei a freelancing a trabalhar mais com qualidades de contrapeso a mulher também faz de homem não existe a questão do género
e existe mais uma correlação com o centro que ajuda a suportar e a ser suportado
portanto veio muito de aulas de improvisação
Silvia
com quem?
Ester
aulas de improvisação… aula aulas não. criações criações com coreógrafos diferentes
Silvia
OK
Ester
que têm diferentes modos de relação a nível coreográfico e com outras pessoas
por exemplo a Margarida é sempre uma questão de onde é que está o nosso centro
onde é que está a ligação e a conjuntura com a outra pessoa
não é uma coisa de …. se nós não estamos no nosso centro não estamos a partilhar o mesmo eixo com outra pessoa não existe
não não não não é possível existir o Lift por exemplo.
Mas veio muito também de pesquisa minha, tanto de ver trabalhos doutras companhias de outros coreógrafos como também de por exemplo audições também aprendi muito em audições
Houve para uma audição para mim foi assim super me fez crescer imenso que foi seguida de um workshop que eu fiz intensivo de uma semana no Victor Cordon sobre o Alain Patel
também foi para mim foi um desbloqueio assim ao nível mais performático
e de usar o corpo e depois fiz para o Pipinton??
uma audição que foi meio workshop audição e que para mim também foi super intenso a nível físico e de improvisação
a partir de tasks, olhar para o vídeo aquilo e ver o que é que é suposto acontecer a nível físico e depois improvisar à volta disso
isso para mim também foi super super gratificante
Silvia
quando falas em freelancer, o que é que queres dizer com isso?
Ester
por exemplo quando estava na companhia tinha normalmente trabalho fixo com o mesmo tipo de pessoas do mesmo grupo portanto colegas como coreógrafo muito poucas vezes tive um coreógrafo fora tive alguns
foi aquela época que não havia muito dinheiro para trazer pessoas de fora e portanto era muito o mesmo registo
era do género: eu já chegava ao estúdio … não sei se posso dizer ISTO mas já sabia como é que ia começar, já antecipava, e começou a ser menos desafiante para mim a nível de … eu senti-me a estagnar… eu tentava sempre trabalhar de outras maneiras e inspirar-me noutros colegas. Tinha aguns colegas que também que me inspiravam e que começaram a sair da companhia
eu também me senti OK já estou deslocada
quando eu senti que já estava…. e tinha começado eu era a mais nova na altura
e já estava com fazer papéis principais nalgumas coisas
para mim já não estava a ser desafiante e assim não era não era o meu lugar
eu não devia estar sentir assim
então para mim freelancing é experimentar coisas diferentes
é entrar NOS projetos que eu quero e mesmo que não fique por exemplo …fazer audições para uma coisa que me deu também alguns estofo de nãos
por exemplo uma lacuna que eu tenho por ter começado também mais tarde é o ballet
sei que tenho uma aula de balé por exemplo OK
não sou um zero À esquerda não é
mas não tenho aquelas linhas do balé
então nas audições em que havia algo ballet eu era cortada na aula de ballet normalmente
sempre que havia uma que era Montes de gente no ballet
e às vezes fui fazer audições lá fora
e eu gastei dinheiro ia sozinha portanto era aquela coisa também
Pufff agora acabei. pronto vim aqui só para fazer ISTO e não mostrei aquilo que eu queria mostrar que é a minha outra qualidade, a minha outra vertente contemporânea
eu sempre…. nunca me frustrou de modo a eu nunca mais fazer ou não vale a pena…
não sempre OK aprendi com aquilo a também crescer um bocadinho
também talvez me ajuda eu ter colegas e amigos meus que também são mais velhos que eu
portanto também há esse exemplo que eu tenho
nunca tive, como comecei cedo no mundo do trabalho profissional também sei que cresci a nível pessoal em relação a isso
a não deixar também ir abaixo com certas coisas na área da dança
Sílvia
Não. essa questão do do filme lancer. mas não precisas de concluir isso eu vou avançar para perguntar-te diretamente … imagino que tenhas uma espécie de auto cuidado pessoal diário. não sei se chegas a alugar estúdios e fazer coisas. Como É Que É essa história do quotidiano?
[10:14]
no início eu ir fazer a minha aula e não também não estou preocupada com as pessoas que estão à volta
também não havia esse ambiente
depois deixei de ir começou a haver um ambiente assim mais estava na aula de ballet começou a ver mais um ambiente audição porque havia pessoas a vir ver as aulas
e Eu Não gostava muito disso exatamente
no contemporâneo foi tipo pessoas que iam fazer algo que já não eram profissionais e eu também deixei o nível porque o nível era muito baixo
então houve uma altura que eu também fazia aulas…tenho uns amigos que têm um estúdio o Cabo? ali ao pé do… é no Rato, fica ao lado do teatro do Bairro Alto e portanto tem investido todos os dias Se Eu quiser e vou lá muitas vezes
Silvia
e vais sozinha
Ester
vou sozinha haja digamos muitas vezes só mesmo para brincar e fazer aulas com a Margarida normalmente. também é minha amiga para além de ser colega e enorme coreógrafa
portanto além dos processos que nós vamos para lá exploratórios também vou às vezes por mim também comecei a dar aulas de dança
portanto muitas vezes também uso para isso para eu também explorar essa parte e crescer também com isso
mas sim faço o meu exercício, mais workout claro, físico para uma primeira forma não é
mas eu também tenho um corpo assim um bocadinho maleável p
ortanto eu nunca senti que perdi por exemplo estar mais tempo sem sem fazer alguma coisa por exemplo a criação não senti que quando muito eu perdi resistência mas também depois sinto que ganho no processo
que é completamente diferente fazer um exercício um workout diário e depois estar a fazer uma peça
Silvia
Fazer coreografia também?
Ester
também fiz uma coreografia uma vez
um projeto quórum??? foi na altura do covid
portanto foi assim meio cá meio lá meio depois lá acabou por acontecer
foi a minha única experiência coreográfica além da do 12º ano que eu fiz
eu tirei arte espetáculo, um profissional e tive no final fiz uma peça
na altura já estava a estagiar na companhia
Silvia
E para além de dar aulas de todas aulas de dança contemporânea e tens alunos assim regulares uma turma grande ou são poucos ou são mais de manutenção?
Ester
tem uns grupinhos. agora eu tenho é sempre pessoas a experimentar a minha aula portanto tem aquela gerência de estar a gerir níveis diferentes, idades diferentes, portanto
Silvia
Dás onde?
Ester
Dou na dance Factory, aos sábados. Dou na new dance nível zero 20, iniciantes
Ai é muita gente e tem um grupo fixo já
é o que eu digo as pessoas que agora entram que já não estão comigo desde setembro, eu digo hoje é o nível 0.5 .
sinto isso
e dou a pequeninas no conservatório de Sintra.
Silvia
e continuas a morar em sintra ?
Ester
Sim. Moro em sintra. Ainda não consigo morar sozinha em Lisboa.
Silvia
usas …como é que vou dizer …
nesta experiência vamos saltar para a experiência de realidade
Tens a Memória de colocar. Usaste sempre este capacete?
Ester
Como assim. nós só usamos ISTO posteriormente
Silvia
OK então qual foi a primeira relação com este projeto?
[14:05]
Ester
a primeira relação com este projeto foi ir para estudio ir experimentar as várias tasks
que a Cecília NOS deu e criar duetos
foi criar material
exatamente criámos 3 ou 4 duetos
Silvia
e depois é que foram gravar material?
Ester
exatamente depois o Daniel veio eu ainda fiz mais um dueto com o Daniel e o Miguel com o Daniel
tanto que o deles até foi para o processo já para o fim ele já nem gravaram em realidade virtual
e depois fomos lá escola… À Motricidade humana, exatamente, gravar com o fato
e nunca usamos os óculos.
nós fomos gravar só, vestimos o fato fiz o dueto normal com o Miguel e com o Daniel
trocamos o fato e gravaram o Avatar dele e só posteriormente
não sei quando é que foi mesmo
é que começámos a experimentar, que até foi aqui na escola superior a primeira vez que fizemos
que no início nem deu para experimentar muito bem porque havia as questões técnicas todas do espaço
eles ainda também estavam experimentar muito como é que aquilo parava
o Avatar ficava gigante ou ficava minúsculo, as paredes saíam nós íamos contra a Parede real portanto foi assim mais atribulado no início
a primeira experiência portanto foi menor tivemos tanto os óculos assim
Silvia
então antes de teres feito esta experiência com os óculos nunca tinhas feito experiências de realidade virtual?
Ester
fiz um jogo de um amigo meu.já tinha tido.
Silvia
então conta-me lá desse jogo. a primeira vez que experimentaste
Ester
A primeira vez que experimentei para mim foi super estranho
Rui
mas mas o que é que era? Era um capacete?
Ester
Sim. era era muito parecido com ISTO. aqueles óculos VR a só que tínhamos os comandos
Portanto víamos as nossas mãos falsas
mas mas faziam parte do nosso movimento
portanto é algo externo que faz a diferença que aqui não temos e que para mim é super estranho Eu Não ter nenhuma deixa visual de mim própria
portanto no jogo eu senti que era completamente diferente
porque a atenção no sítio, eu não posso sair do sítio
portanto há aquela coisa mais claustrofóbica de
não posso não a sala também é pequenina ainda bate nas paredes
mas por exemplo nunca nunca me fez aquela impressão de tontura nada sempre sempre vi aquilo nunca senti numa realidade mesmo real
sentia-me sempre eu também tenho essa facilidade desde pequena, os filmes de terror de perceber aquilo é fictício e não mete tanto medo
portanto tenho essa essa divisão no cérebro
então que me permite também não entrar a fundo nessa realidade virtual
Silvia
E era um jogo de que
Ester
que primeiro que eu fiz foi de terror até que foi foi na casa do António
foi de terror. estávamos sentados numa cadeira e era um bicho que vinha que se metia connosco e NOS assustava
fiz outro que era um tubarão também não estamos numa jaula e profundezas do mar esse era mais mais estranho por causa de veres o fundo e podemos cair e teres um tubarão que vai bater na jaula e tu ficas meio o teu centro ai foi estranho
sentir o centro que estava já de pé sentir o meu eixo fora
mas que ao mesmo tempo não
porque é só sensação visual que se dá essa esse desequilíbrio
portanto foi Super interessante
Silvia
então estavam de pe e tinham manípulos na mesma
Ester
por acaso não me lembro. acho que sim.
porque nós podíamos mexer na jaula podíamos fazer. sim tínhamos manípulos e era o tubarão que andava à volta e nós podíamos andar e pronto e isso eu senti realmente que aquilo mexeu com o meu corpo. mentalmente chegou ao corpo.
depois o outro foi assim mais, foi de música, tínhamos que acertar e baixar e como é que aquilo se chama não sei, mas pronto que até eu falei a Cecília que há vídeos de pessoas a fazer esse jogo dentro do jogo
ou seja eles fazem uma edição em que conseguem estar dentro do jogo
que eu até dei essa ideia de nós também estarmos dentro do mundo Avatar
Silvia
ISTO que fazes com a mão é uma baqueta ou é uma Vara?
Ester
Esta uma Vara. Era tipo um sabre sim tu vais acertando nas caixas e desviando de algumas barreiras mas sempre na música … e depois há vários níveis
Silvia
é uma espécie de dança
Ester
Exatamente. De ritmo e as caixas vêm contra ti. Portanto se não as quebras …também há essa coisa de repente perdes se vêm contra ti
mas foi assim as únicas experincia
[18:45]
Silvia
OK então e finalmente vocês estavam os 3 e propuseram NOS colocar estes este capacete
Só há. como é que aconteceu?
Ester
então para mim não foi estranho
Silvia
Foste a primeira a por?
Ester
não sei. acho que fui a primeira é por caso
primeiro ficámos fica imenso tempo com os óculos
porque também depois já me estava a ver a cabeça
aquilo aperta e a Visão não é … é meio pixelizado
principalmente se ficar um bocadinho torto e meio pixelizado
não é mesmo realista é como se tivesse um ecrã constantemente
Silvia
mas estava focada?
Ester
Sim. mas às vezes desfoca por exemplo aquilo não tem Visão periférica isso para mim é o pior
então quando tu olhas para as bordas é mais desfocado por exemplo
e se ficares muito tempo com aquilo…
foi quando estávamos a ver as paredes etc
antes de passar a ao desenvolvimento da coreografia em si
Isso para mim é que foi horrível porque passar não sei quanto tempo …
ok eu acho que tenho que tirar os óculos porque já estava a ficar com os olhos assim vesgos
Silvia
Tu usas óculos?
Não.
Silvia
nem lentes.
Ester
não nada. vejo por acaso vejo super bem. então aquilo para mim de repente era era super super invasivo e depois as pestanas tocavam
passar um tempo que aquilo se não apertares mesmo bem aquilo fica estranho a imagem eu senti que tinha mesmo que apertar portanto eu ficava toda vermelha aqui e até fiquei negra de fica com aquilo tanto tempo apertado
depois com o Avatar eu senti que era super frio senti que era frio
Silvia
MAs já lá estava um avatar ?
[20:22]
Ester
sim com o Avatar
Silvia
quem era?
Ester
era o Miguel era o avatar do Miguel
Silvia
ai porque vocês já tinham gravado
Ester
É isso.
nós só fizemos com Avatar já gravado
aliás a primeira vez foi comigo foi comigo. era o meu Avatar. o único já estilizado.
Silvia
Eras tu?
Era Eu num estilo meio punk. sim era a minha coreografia.
portanto Eu Não consegui experimentar porque fiz eu ao lado da boneca basicamente porque era a minha coreografia eu fiz a coreografia com a boneca
portanto para mim não foi estranho
para eles foi mais estranho experimentar
por exemplo o Daniel estava com medo.
Mas ele também nunca tinha experimentado realidade virtual nunca
então ele ficou com medo e estava sempre
eu achei engraçado
porque eu também não nunca senti isso na realidade atual de medo
e só está aqui de repente está aqui OK
Silvia
mas era estranho. e vias de fora? A ver que ele estava a achar estranho?
Ester
Sim, é isso que ele estava parecia
estava-me a rir imenso porque ele estava com medo mesmo do Avatar
e de repente ele tinha espasmos físicos por causa daquilo
e Eu Não senti isso senti-me relaxada é a primeira vez que estive mesmo a dançar com o Avatar
senti que era só
primeiro lugar porque Eu Não vejo o meu corpo
segundo não tenho Visão periférica
portanto tenho que olhar mesmo tenho … o meu movimento muda altera.
a minha cabeça tem que seguir o Avatar.
e depois há outra coisa ele não segue o meu ritmo, eu é que tenho que seguir o ritmo que está sempre marcado
Se Eu cair ele não se vai ajustar. não há essa coisa real que isso acontece com as corpos
Às vezes as coisas não correm bem ou o outro tem que ajustar um ao outro
isso não existe o Avatar
[22:00]
Silvia
eras tu própria e tua própria coreografia. Tu tentaste estar dentro dela
Ester
não por acaso não tentei
Silvia
tentaste fazer ao lado?
Ester
tentei fazer ao lado sim às vezes passava Por Ela
estava muito próxima
mas como também estava a olhar para ela e o espaço era aquele virtual Eu Não tinha bem noção da distância ou do spacing que normalmente tenho no estúdio
porque Eu Estou Aqui o mesmo que esteja a ficar eu consigo ver as laterais
ali não Se Eu olhar em frente só vejo em frente
não existe essa nessa Visão mais lateral
Ou por exemplo ISTO: eu aqui estou fechada mas estou a ver o que é que está a acontecer aqui com o meu parceiro atrás de mim
quer dizer
e ali não
eu tenho mesmo que olhar virar-me torcer-me às vezes
para perceber onde é que ele está em relação a mim
Silvia
e mais uma vez voltando a primeira vez que fizeste com o teu próprio Avatar tu chegaste a ter oportunidade de improvisar com o que ela estava a fazer
Ester
não não chegamos a fazer isso
Silvia
OK
Ester
portanto que como era o meu Avatar depois tiveram mais eles a fazer exatamente
mais o Miguel acho eu que fez mais que o Daniel no início
[24:24]
Silvia
e depois dessa experiência em que dançaste contigo própria
dançaste com cada um deles foi isso?
e que diferenças é que notaste? assim já na segunda tentativa depois de ter descansado
Ester
Os duetos que faço são um bocadinho diferentes
mesmo naquilo que é
o primeiro que eu faço com o Miguel é mesmo eu eu sou eu sou levantada deixo me cair sobre ele eu sou muito mais relaxada
com o Avatar eu não tive isso para além de levantar ser sempre
é muito estranho porque eu quero me levantar e não vou sair do chão
é quase como dançar a solo basicamente
adaptar um dueto a um sol
portanto senti-essa desconectividade
E senti que tinha que dar forma, alterar a minha postura para dar a tal moção de peso , de toque ou seja sentir que o movimento tinha que ser alterado para ganhar textura
porque se fosse só OK ele está aqui não não ia transparecer para mim que eu estava mesmo a
ou seja tentei ao máximo sentir peso que não existia
portanto e quando ele estava em cima de mim e claro que passava-me
passava pelo corpo certeza
só que lá está Eu Não via o meu corpo.
eu vi … eu sempre …eu olho para baixo eu olho para dentro e vejo o Avatar do Miguel neste caso atrás de mim
portanto há um momento em que eu vou para as costas dele e caio em cima dele
e nesse momento eu estou por baixo dele
Silvia
e nessa sensação a estranheza
como é que u hei-de por ISTO?
sentes-te invadida em termos íntimos quase
Ester
não não não nunca senti não
a única coisa para mim mais estranha
é a nível se expressivo
para além de ter os óculos aquilo retira me toda a intimidade do próprio movimento ou da própria qualidade do movimento
porque lá está não existe essa adaptação de um e outro.
Não há uma leitura constante.
normalmente quando estamos a dança com alguém há sempre uma leitura constante.
não não precisa de ser uma troca de olhares ~
mas é mas é uma troca de energia.
e com Avatar isso não acontece
eu eu sinto que eu dependo dele constantemente
Se Eu Se Eu não acompanhar eu fico para trás
portanto existe essa constante desligar daquilo que eu estou a fazer para acompanhar o Avatar
Silvia
Eu estou a perguntar porque em termos da descrição. Pronto uma pessoa sente coisa fantasmática, mas imaginemos que que é um homem e uma mulher quando tu dizes que ele desaparece por baixo e por por dentro de mim,
Ester
já sei porque é que não me afecta OK
porque Eu Não me vejo
OK Eu Não me vejo Eu Não vejo realmente ele a transpassar me
então eu sinto só que é um vazio
eu sinto que é um vazio
Silvia
seja mas se fosse de facto um homem … há ali uma, no contato improvisação àquele intervalo limite de entre ser OK e invasivo não é?
Ester
sim sim sim sim
Silves
essa zona OK não tem expressão e não te vês
Ester
E não sinto.
por exemplo há uns Lifts,
Há aquela passagem mais pelo peito
esse tipo de coisas às vezes sentes
tipo ai meu Deus
mas normalmente até já nem nem é por aí
dependendo com quem estás a dançar claro
mas no Avatar não senti nunca isso
[27:10]
Senti uma coisa mesmo completamente fria
e eu a tentar sentir empolar isso
ultrapassar isso
que ainda foi mais estranho
tentar dar uma intenção extra fisicamente
porque expressivamente não se vê
eu sinto mesmo um bloqueio porque aquilo faz também faz aqui um peso na cara
é uma limitação também
por exemplo coisas no chão
não podia ir mesmo com a cabeça ao chão
a nuca
os óculos saíam e magoava
portanto havia sempre esse desconforto de adaptação
depois havia certas coisas que eu também não queria fazer que era mesmo abaixo
porque aquilo às vezes desligava-se
depois havia isso, os óculos às vezes desconectavam
Silvia
E este tipo de coisas que atiram com a cabeça
Ester
aquilo já estava bem preso
fiezmo ali uma estrutura boa
portanto não senti não senti esse desconforto a nível de ele vai me saltar
portanto não me limitou
não me limitou
só mesmo naquele tipo de coisas mesmo de chão, de impacto Eu Não bater com os óculos
de resto, sentia sempre … eu danço sempre imenso com… nem mesmo que não se veja é muito intenso de cara e isso ajuda-me a dar energia ao corpo
exato o olhar isso dá-me também outra forma de mexer a minha cabeça
outra forma de ir para o movimento, não sei explicar
tanto que até fizemos algumas experiências de focar agora
fazer o mesmo dueto mas focar mais no olhar
e para mim foi super diferente eu focar
onde é que o meu olhar está
ou focar no peso com o outro
neste caso com o Avatar
também foi super diferente
eu tenho mais ok tenho que criar mais peso meu corpo
isso faz realmente diferença quando pensas em diretrizes assim
mas vejo de forma fria o Avatar.
[29:05]
Silvia
tiveste alguma oportunidade ao longo destes sessões todas de estar a improvisar com os Avatares
Ester
Não. A única pessoa que depois lá está ficamos muito só
eu só fiz muitas vezes com os óculos
foi o primeiro do Miguel e o meu dueto com o Daniel
foram aqueles que foram para o espetáculo, basicamente
Foi um vídeo depois
Esse então fiz imensas vezes para gravar
e ai nessa sessão eu senti nesse dueto em específico
por exemplo levantava pernas
e tu não vês a perna
eu sinto que tenho mais equilíbrio de olhos fechados porque sei o que é que estou a fazer
do que ter inputs visuais à minha volta e na mesma não vejo a minha perna
então ficava sem centro
e ai cria uma frustração de não sei o que é que estou a fazer
estou a fazer uma volta e de repente estou a cair
senti-me sempre aos pulinhos ou fora do meu centro
fora do meu eixo
e para mim foi super estranho super estranho
Silvia
e quando voltaram a dançar juntos sem A maquinaria como é que foi ?
[30:11]
Ester
então uma coisa diferente
o Miguel foi melhor
para mim foi muito… é outra coisa porque
é que nós temos uma coisa um dueto que é mesmo que é de peso contrapeso
e com o Avatar é outra coisa completamente diferente
é tou a fazer um solo, basicamente
com o Daniel senti uma coisa mas foi a partir foi dele
porque ele como fez sem mim
como fez tantas vezes sem mim que adaptou imensa coisa ao Avatar
e depois quando veio dançar comigo estava a fazer como estava a fazer com o Avatar
então foi super estranho sentir um distanciamento
não dava peso
alterava se às vezes certas amplitudes de movimento
como não tem por exemplo dávamos a mão e ele is offbalance
ali ele já não ia ao offbalance comigo
porque do Avatar fez tantas vezes no eixo dele…
esse tipo de coisas
eu eu senti que se para isso então senti um alívio cada vez
OK aqui já posso ir ao meu ex ao meu extremo
Não preciso ficar aqui a controlar
e sentir que para ele foi ao contrário
ele de repente ficou com a Memória física do Avatar
e que para mim
ele disse que a experiência dele para ir para mim foi mais difícil
porque de repente teve que teve que se deixar ir outra vez
Eu Não senti isso
senti OK finalmente posso deixar ir
Silvia
então uma última pergunta ai não 2
sentiste depois de de estar a experimentar dançar sem esse suporte de peso em que tinhas que segurar no fundo o teu centro de gravidade em lugar de teres um referente do peso
que trabalhaste músculos diferentes
chegaste cansada a casa?
Ester
sim sim sim
sim até porque quando trabalhas offbalance se estiveres a dar a mão por exemplo
eu ia com a perna fora
OK tenho a minha perna base sei que estou lá
mas se ele me largar
Eu Não estou no meu eixo portanto eu vou cair. basicamente
só que eu sozinha não consigo fazer isso como é óbvio
pela gravidade que existe
então senti que tinha que fazer quase um dedo???? ao pé
e usar a técnica para me moldar
ou seja tinha que alterar completamente o movimento
e claro que isso fez trabalhar outras partes do corpo que naquele momento eu não necessitava usar podia estar muito mais relaxada nalguns movimentos
sozinha tinha que estar a usar mais força interna
mais eixo mais o centro mais a barriga por exemplo
nalguns momentos senti
noutros experimentei mesmo deixar-me levar
mas às vezes sentia mesmo que não dá porque depois não tenho noção de quando é que chego ao chão por exemplo
por mim foi super estranho
ai o chão já está aqui
parecia tudo mais brusco as chegadas e os ataques pareciam tudo mais bruscos
sem o??? Avatare
senti que me cansava mais porque tava super a tentar a tentar ir e acompanhar o ritmo lá está também
tinha de estar a olhar mais para ele
havia uma preocupação geral maior também neste dueto com o Daniel
em que nós temos coisas completamente diferentes e estamos afastados
só que há coisas que ligam ao nível ritmo então eu tinha que estar mais atenta a ele
e era um dueto em que Eu Não olho para ele, ele é que olha para mim.
Portanto ai eu senti essa então que nesse dueto eu nunca olho para ele
ele é que está focado em mim
e eu ali tinha que focar nele
então isso por mim também foi super diferente
por exemplo eu fazia uma coisa com uma perna e ficava o tempo que eu queria
ele adaptava e a seguir ele estava parado à minha espera
e depois ia para o próximo
aqui não
ele já ia para o próximo portanto eu tinha que fazer ao ritmo que era necessário para o Avatar
para eu acompanhar o Avatar
portanto lá não há essa espera essa leitura
então eu achei super frio não gostei nada
Silvia
e agora mudando de esfera, portanto imagina que estavas fora deste projeto e que era possível na Transmissão de uma coreografia, ias ensinar um solo ou um dueto uma bailarina ou um bailarino e usavas o teu Avatar
Ester portanto ela em vez de aprender com a Ester aprendia com o Avatar Ester ou aprendia com as 2 coisas incorporava nessa zona de
Ester
ela dentro da realidade?
Silvia
sim
[34:42]
Ester
OK tinha que usar um comando para parar
Silvia
sim tipo outra vez
Ester
Quase como aprender com um vídeo
agora há uma coisa que o Avatar não tem claramente quando eu olho para Avatar
que é que os micro movimentos até a extensão da mão
Ele levanta o braço e mexe o cotovelo
Ele tem 3 pontos tenho
Tem na mão, tem aqui, tem no cotovelo, e no obmbro
não existe isto
não existe a minuciosidade que é transmitida através lá está
aí é que está a qualidade
não tem a minha qualidade do movimento
acho que o Avatar não transparece a minha qualidade de moviemento
mas parece os meus movimentos
os meus passos coreografados
mas não transparece não tem não tem esta maleabilidade
OK Está a levantar uma perna
mas o resto e eu estou com os braços aqui
estou com os braços ao lado
eu tenho em cima
Eu tenho que estar a descrever.
mas e o resto do corpo?
ou é uma coisa realmente marcada com movimentos
ou então esta coisa de de levitar ou de
de deixar no ar certa vibração
ele não apanha isso
portanto acho que a pessoa a aprender o meu solo por exemplo no dueto
ia ser completamente diferente
ela ia ali a aprender por ali OK
ia dar coisas dela própria claro ia adaptar
mas ia dar um solo completamente diferente
Silvia
e se fosse por exemplo uma questão de ritmos não é
imagina que tinhas um grupo inteiro e que precisavas de treinar tudo ao mesmo ritmo
e cada um deles podia aprender com uma coisa já gravada não é
e repetir sempre
Ester
ISTO com o Avatar.
Silvia
Sim
[36:37]
Ester
Ao sim OK
Ao nível de qualidade movimento, ele está lá os passos de certeza não é
o Avatar também vendo bem não é assim tão irrealista
mas lá está
a forma como eles iam fazer e que se calhar eles iam ter que fazer de outra forma
para não ser tão tão fria
momento além da cara não é, a cabeça é muito pouco maleável
os pés, a expressividade. Eu uso imenso os pés por exemplo
faz imensa confusão ver um coto a fazer
ou seja não há uma continuidade, não há uma modelação física
então acho que o espaço OK, o ritmo estava lá
iria ser sempre igual
ou seja nós humanos às vezes fazemos um bocadinho mais rápido lento como na música
tem que ter ali o como é que se chama
metrónomo
Silvia
Então, seria uma ferramenta que pensarias em usar para alguma algum projeto teu alguma vez? no ensino, na transmissão, na coreografia?
Ester
Honestamente,
Silvia
artisticamente
Silvia
pelo menos na evolução em que ainda está também a realidade virtual. Há esses parâmetros físicos técnicos científicos
mas eu eu gosto muito do toque eu gosto muito de ir lá e ajudar
e não não faz mais assim
essa verbalidade e contacto para mim é super importante
eu ia de uma maneira muito fria
até prefiro aprender sobre um vídeo
em que eu vejo como é que a pessoa é
e apreende
quando eu vejo por exemplo outras peças
que são outras foi um movimento criado para outras pessoas
é completamente diferente criar um movimento para mim com para a Maria e como para o José portanto aprender qualidade de vida diferente de outras pessoas para mim é Super interessante ver como é que aquela pessoa faz
é como aquela aquela pessoa olha Como É Que É Como É Que É postura daquela pessoa
E o avatar não consegue ver isso. Consegue so ver os passos e a forma como
ok consigo ver que é diferente no Avatar do Miguel e do Daniel
mas porque NOS também nos mexemos de maneira diferente
o estilo de movimentos que fazemos também são diferentes
pode por aí sim
dá para perceber Quem é que Quem
mas ha outra parte mais intrínseca já não digo de bailarino mas de interprete que o Avatar não tem
e eu acho que não ia conseguir captar essa aprendizagem